Tuesday, March 24, 2009

Normalidade

Acho que cada pessoa tem um lado optimista e um pessimista, e a normalidade vive no meio dos dois. Eu gosto de pensar que não sou uma pessoa normal e, mesmo aceitando e consumindo as pílulas de normalidade que a sociedade me impingiu nos últimos anos, não me sinto normal. 
A normalidade acaba por diluir a nossa personalidade dentro da personalidade comum que a sociedade prega todos os dias. E é dela que eu tenho, a pouco e pouco, vindo a escapar. 

Não nego que possa ter os objectivos comuns à grande maioria das pessoas com quem convivo no meu dia-a-dia, tais como ter uma família, um emprego que me permita pagar as contas e garantir que não falta nada aos meus filhos. Mas não implica que tenha que viver a minha vida toda condicionado por estas premissas. Para mim, não se pode chamar a isto viver. Acho que nem consigo encontrar um nome para esta acção condicionada.

Nos últimos anos, conformei-me cedo demais que ser guiado em vez de conduzir era uma vida aceitável. E não é. Não consigo conceber a ideia duma pessoa levar uma vida da qual não tira prazer, se a tal não fôr obrigada. Mas a verdade é que eu posso falar, porque eu vivi uns tempos assim, e sei o quão sedutora e confortável esse tipo de vida pode ser. "Um gajo não se chateia muito numa vida assim" ou  "Tem a vidinha que pediu a Deus". Eu não pedi nada a ninguem, e tive muitas chatices durante esses tempos, porque simplesmente não aceitei, à partida, o facto que não era feliz, que aquele tipo de vida não se enquadra com o meu, e não sei se alguma vez se enquadrará. 

Como comecei por dizer logo no início, eu gosto de pensar que não sou uma pessoa normal, porque isso faz de mim uma pessoa mais feliz e, por consequência, uma pessoa melhor.