Tuesday, April 20, 2004

Santos

Há quatro anos atrás, numa viagem a Roma, às jornadas mundiais da juventude, eu fui um dos 700 portugueses que tiveram o previlegio de ouvir o papa joão paulo II fazer o seguinte apelo aos jovens: " Não tenham medo de ser Santos". Será que é uma realidade impossivel nos dias que correm? Será que já não existem, ou estão em vias de extinção? Que diferenças existem entre a nossa era, e a era de S. Francisco Xavier ou de Sto. Inácio de Loyola? Serão assim tantas?
As pessoas hoje em dia, levam a religião cristã muito menos a serio do que em qualquer dos séculos que antecederam, logo é muito mais dificil serem tocadas por Deus. Mas a nivel de pobreza e de pessoas que necessitem de alguma coisa para se agarrarem á vida, não vejo pior época do que a nossa. O capitalismo é a nova ideologia, com o dinheiro como deus. E as pessoas começaram a levar este novo deus muito a sério. E por ele mata-se, e por ele morre-se. E quem o tem, controla tudo. Mas nem todos são/foram assim. Os Santos foram pessoas que perceberam que o dinheiro não era tudo. Abdicaram de tudo o que possuiam, e o que receberam em troca foi muito mais do que alguma vez poderiam largar. Sto. Inácio dizia "De que vale ganhares o mundo se perdes a tua alma?". É esta a pergunta que eu deixo em aberto a quem quiser ler. E mais, será que tinhas coragem de ser "Santo"?

Thursday, April 15, 2004

Batatas fritas

Sim, a vida é difícil. Sim, as vezes parece estar contra nos. Mas a vida nao e escuridao, e por tras dos veus das dificuldades esconde-se um mundo novo, visto pelos olhos de quem aoprendeu a ultrapassa-los. Tb tive muitas dificuldades na minha vida e chorei por muitas, mas com o tempo ou foram passando ou fui ultrapassando-as. O que vos vou contar e um deles. e a historia de um anjo, de alguem desconhecido que entra na tua vida, te faz chorar e parte logo de seguida. Meros segundos revêm a vida toda, fazem cair lagrimas, e pensar que tudo começa com um pacote de batatas fritas... O dia começou mal. O corpo mal me deixa andar, e o embaraço toma conta de mim depois de confrontado com um papel que devia ter deixado de existir ha um ano. Saio de casa atrasado para um encontro e sou obrigado a correr para apanhar o comboio. Sem almoço e com um pacote de batatas fritas quase acabado na mao, entro no comboio. Tenho que ir la para a frente; penso eu enquanto o comboio parte para o rossio, onde tenho q sair. Ao passar por um lugar vazio, ainda sem ter mudado de carruagem, dou por mim a dirigir-me a ele, sem me preocupar com o facto de anteriormente estar a planear ir para a carruagem da frente. Antes de me sentar, uma senhora aborda-me, pedindo-me um pouco de batatas fritas. Vendo o pacote quase no fim, ofereço-lho, o qual ela recusa, retirando apenas algumas. Sento-me no banco, e continuo a comer as batatas, mas dou por mim sem vontade de as comer. Olhando para o vazio através do pacote inacabado, uma tristeza invade-me, sem razao aparente, e vai crescendo no meu coração. Sentado de costas para a senhora, alguem me toca no ombro, e uma mao fechada passa por cima deste, em direcção a minha, depositando algo nela. Qual não e o meu espanto quando abro a mao e vejo um cristo crucificado. Lágrimas veem-me aos olhos assim q olho para ele. Traficantes, diz ela. Falando no vazio, vem-me ao pensamento que esta senhora podera nao estar no seu perfeito juizo e enquanto escrevo e o anjo fala, tenho medo. O cristo ate agora ainda nao saiu da minha mao esquerda, onde foi posto, e a medida q nos aproximamos do rossio, a senhora volta a tocar-me no ombro para se despedir de mim. Sai do comboio pensativo e chegando ao fim da linha passo pela senhora, agora parada em frente ao cafezinho ao pe das escadas, e sorrio uma ultima vez, dizendo adeus a medida que ela me retribui o sorriso e faz um sinal para me animar.

Um anjo visitou o circo de Deus.